Eu sigo, deslizando sem tocar a margem
Preparo o arremesso da minha coragem
Ajeitando o cerco dessa solidão
Dilacerando estrelas nas pontas dos dedos
Deixando restos de tantos segredos
A minha alma de sal em sua embarcação
Retendo, da manhã, os guizos da ternura
A reverenciar criador e criatura
Seguindo noite adentro, é tempo de voar
Às vezes, um murmúrio ou dor no esquecimento
Ao longe vou deixando um choro, um lamento
Os pássaros me vestem neste viajar
Vou-me embora, vou levando
Flores e as sementes que eu puder plantar
E vou levar também a chave
Pode ser que algum dia
Eu queira voltar