Minha vida é um casarão de fazenda
Sete quartos, varanda e a moenda
Onde o tempo mói as lembranças
No terreiro, entre árvores e flores
Além de pássaros cantores
Brincaram muitas crianças
Num dos quartos, retratos na parede
No outro amarro a minha rede
Onde adormeço a balançar
No terceiro, a viola de cravelha
Virou uma caixa de abelha
Não posso mais nem tocar
No quarto quarto há um relógio de badalo
No quinto, eu guardo o meu galo
Empalhado com alecrim
No sexto, o leito perfumado de alfazema
Lembra o cheiro da morena
Que não gosta mais de mim
E tem o sétimo, fechado a sete chaves
Cadeado e sete grades
Escondendo assombração
Eu na varanda proseando com a visita
Nego o monstro que habita
Os porões do casarão